quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

UMA PEDRA SOBRE O RIO – Margarida Fonseca Santos

Sinopse

Todos sentimos, um dia, que a nossa vida poderia ser melhor. Mas nem sempre conseguimos dar o primeiro passo em direcção à felicidade. Às vezes são as memórias que nos impedem de olhar para o outro lado do caminho, outras somos nós que fechamos as portas.

"Novela que se reparte pela alegoria, a parábola e o registo realista, Uma Pedra sobre o Rio insere-se com agilidade naquela categoria de livros de quem o leitor desprevenido se torna amigo." Eugénio Lisboa, in Prefácio

Opinião

Existem livros que nos marcam, que nos tocam particularmente, este sem dúvida é um deles. Posso dizer, que até agora, nunca me tinha identificado tanto com um livro. Esta sensação foi de tal maneira tão profunda, que do principio ao fim desta narrativa me arrepiei toda.

Claro que é uma opinião particular, mas quantos de nós não ficámos já divididos entre o prazer de fazer as coisas e o dever?

“O equilíbrio de cada um dependia das opções entre o ter de e o gostar de.”

Esta é uma das questões com que Teresa, a personagem principal desta história, se depara no decorrer desta narrativa. Ela é engenheira civil, no entanto, dentro dela está adormecido um grande talento para pintura. A frustração e a falta de ânimo no desempenhar da sua profissão, tornou a sua vida num autêntico pesadelo. E…

“Quando não estamos bem connosco, dificilmente estamos bem com os outros.”

Logo, as pessoas que faziam parte da sua vida, acabaram por se ver envolvidas nas suas crises de humor e frustração.

“Acho que te custa não fazeres aquilo de que gostas e que te estás a tornar uma revoltada por isso.”

Não é fácil lutarmos por aquilo que nos dá prazer fazer – pensamos no que os outros pensarão, e as dúvidas que surgem ao tentar tomar uma decisão. É como se existisse uma sombra. Acompanha-nos para onde quer que se vá, e só depende de nós colocar “uma pedra sobre o rio” para conseguirmos atravessá-lo. Será que foi isso que a Teresa fez?

Não vos poderei responder, só mesmo lendo este fantástico livro. Só poderei levantar uma ponta do véu – o final é surpreendente.

Falando agora de forma mais técnica, a escrita é muito simples e fluida. A narrativa está dividida de forma organizada, de acordo com o seu desenvolvimento. Em suma, todas as qualidades essenciais para uma leitura agradável, para que se aproveite ao máximo este momento que apela à reflexão, que nos leva ao encontro de nós mesmos.

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

TANTA GENTE, MARIANA – Maria Judite de Carvalho

Sinopse

Uma mulher, Mariana, descobre que vai morrer. Só, no seu quarto, passa em revista toda a sua vida. Desde o falecimento prematuro da mãe ao carinho extremo e triste do pai. Entre alegrias e tristezas esta é uma análise implacável da solidão dos tempos modernos em que, mesmo rodeados pelos outros, nos fechamos em nós.
Opinião
Este livro foi oferecido pela Babel editora, que mais uma vez apoiou o Prazer da Leitura na continuação do trabalho desenvolvido na divulgação de livros e mais em concreto, autores nacionais.
Maria Judite de Carvalho, considerada umas das maiores escritoras do seu tempo, pelo modo como escrevia e pela irreverência demonstrada nos temas abordados nas suas obras. Se tivermos em conta a época em que viveu, tudo isto ganha uma maior relevância e dimensão cultural.
“Tanta Gente Mariana” não é apenas um simples livro de contos. Mais que isso, é um retrato da vida das mulheres na época onde está inserido, com a magia de poder ser perfeitamente enquadrado na época em que vivemos. Histórias trágicas, mulheres frustradas, sonhos perdidos, tudo isto está presente neste livro de uma forma bastante humana e realista.
A escrita utilizada é suave, quase poética mas sem qualquer máscara que esconda a melancolia e a dor vivida pelas protagonistas de cada história.
É de todo impossível ficar indiferente á mensagem que este livro pretende transmitir e no final da leitura não sermos mais críticos em relação ao mundo que nos rodeia, especialmente no campo dos afectos e no modo como interagimos com os outros, principalmente os mais próximos de nós.
Ao lermos “Tanta Gente Mariana”, como diz na sinopse e muito bem, “transformamo-nos em pessoas diferentes. «Crescemos» um pouco, mudamos mentalidades, reflectimos neste percurso existencial que todos fazemos”.



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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

TALVEZ 10 SEJA MELHOR - Rita Vilela

Sinopse:

Diz o ditado que um é pouco, dois é bom… Margarida está prestes a descobrir que talvez dez seja melhor!

Uma bola prateada que rola no passeio… um candeeiro que cai de cima da mesa… um vestido que se solta da corda da roupa… um quadro que muda de cor… são alguns dos sinais da mudança que se aproxima.

O ponto de viragem na vida de Margarida, a partir do qual nunca mais nada será como antes, está agora cada vez mais próximo!

Opinião:

Para mim, este livro é mágico.

Depois de devorar por completo o último livro da escritora Rita Vilela, posso dizer que bati o meu recorde ao ler esta obra num só dia. Sei que não tem muitas páginas, mas a história sem dúvida que ajuda.

Margarida é uma rapariga com uma infância triste, facto que faz com que ela se proteja numa carapaça, como um caracol. Para evitar o sofrimento, entrega-se ao seu trabalho de forma árdua, uma vida solitária preenchida somente com bens materiais.

O que Margarida não sabia era que um dia se iria aperceber que: “(…) tenho-me vindo a enganar a mim própria cada vez que repito “eu não preciso de ninguém” (…)”. Mas precisava, e, se não o sabia reconhecer, a vida iria encarregar-se de o demonstrar.

“ (…) recentes mudanças, que tinham começado a pouco e pouco, como se tudo à minha volta conspirasse para me empurrar para um caminho diferente (…).”

Foram os diferentes caminhos, que Margarida foi encontrando no decorrer desta narrativa, que deram um dinamismo único a esta história. No fundo, conforme as coisas se iam passando, eu ganhava uma vontade enorme de saber o que a esperava a seguir. E os títulos que a escritora Rita Vilela escolheu para os capítulos são extremamente cativantes, espicaçam ainda mais a curiosidade.

A estrutura do livro é idêntica à do seu último livro “O Construtor de Futuros”; os capítulos não são extensos e encontram-se muito bem organizados; a escrita é muito acessível e fluida. O livro tem todas as características favoráveis para uma leitura agradável.

Gostava de deixar uma sugestão á escritora Rita Vilela: acho que deveria haver um segundo livro, pois gostaria de saber como seria a vida da Margarida se houvesse “talvez 11!!” Será que seria melhor?


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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

TUDO PODE MUDAR – Jonathan Tropper

Sinopse

A julgar pelas aparências, Zachary King é um homem cheio de sorte. Tem tudo na vida: um emprego estável e bem pago, um apartamento de graça em Manhattan, e uma noiva lindíssima e muito bem-sucedida. Mas à medida que o dia do casamento com Hope se aproxima, Zack sente-se cada vez mais perseguido pelas recordações de Rael, o melhor amigo que morreu num acidente de carro, e pelos sentimentos complexos que nutre por Tamara, a viúva de Rael.

Opinião
Este livro foi uma oferta da Objectiva na sequência de um passatempo. A quem desde já agradeço o apoio editorial tão precioso que tem dado ao Prazer da Leitura.

“Como Falar com um Viúvo” é um livro deste mesmo autor, Jonathan Tropper, que sempre desejei mas nunca cheguei a comprar. Agora, após a leitura deste livro que vos apresento, será garantidamente uma das minhas próximas aquisições.

Confesso que quando o abri pela primeira vez, fiquei um bocado apreensiva. As letras eram pequeninas, os diálogos eram poucos e o livro era “gordinho”. Já não me acontece pela primeira vez, mas parece que ainda não aprendi a lição, as aparências iludem.

Fiquei completamente viciada neste livro. Como a escrita é muito acessível, os capítulos não são muito extensos e no seu final havia sempre alguma coisa que ficava no ar, não resistia á curiosidade e lá ia eu, para o capítulo seguinte.

Uma particularidade neste livro de que gostei, é o facto de a narrativa ser escrita na primeira pessoa. Encaramos a leitura de outra forma, no fundo é como se tivesse Zach a desabafar comigo directamente, sentimos a sua presença enquanto nos vai contando a sua história. Uma história cativante, que nos faz reflectir sobre o amor não só para com os outros, mas também o amor que temos para com nós próprios.

Ao contrário do que é referido na sinopse deste livro, não considero os acontecimentos aí descritos como fulcrais para o desenrolar da história. Na minha opinião a possível doença fatal que ameaça Zach é a principal alavanca para todos estes acontecimentos, e que faz, isso sim com que estes se tornem determinantes no seu desenrolar, porque lhe dá uma perspectiva bem diferente do que é a sua vida e o que de mais importante existe nela.

O único ponto que achei menos positivo foi o seu final. Estava á espera que o fim correspondesse mais ao conteúdo que seguimos durante toda a narrativa, que me surpreendesse mais. No entanto não deixou de ser um final agradável e de mostrar de que “Tudo pode Mudar”.

Sem dúvida de que recomendo.


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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Colecção Rei Ludovico – Mariana Vaz Serra


Esta colecção infanto-juvenil procura desenvolver diversas temáticas a partir da relação entre o rei Ludovico e o seu novo amigo: Ismael.

É um conjunto de contos que têm como personagem principal o rei Ludovico: um rei de um reino imaginário, que nunca é identificado. Tem cerca de 50 anos, nunca foi casado, nem teve filhos. Tem um irmão que também é rei de um reino vizinho e um sobrinho. Como rei, é um homem justo e amado pelo seu povo. O rei Ludovico será acompanhado nas suas aventuras por Ismael, um rapaz com 10 anos de idade. É um rapaz bom, mas orgulhoso. Aos poucos vai perdendo a sua inocência de criança para se começar a tornar num adolescente.

Cada conto tem por base uma passagem bíblica ou do Catecismo da Igreja Católica, tentando promover os valores inerentes.

A Viagem do Rei Ludovico

Talvez por não ter frequentado a Catequese quando era nova, esta colecção tenha tido um sabor mais especial.

Este primeiro livro da colecção, “A Viagem do Rei Ludovico”, aborda uma tema bem conhecido, o nascimento de Jesus.

Nesta primeira aventura, o Rei Ludovico acompanha os três Reis Magos na viagem que fazem para ir ao encontro de uma Estrela muito brilhante. A Estrela que anuncia a chegada de alguém muito importante, alguém que traz consigo a marca de Deus. Mas o Rei Ludovico não tem somente o privilegio de assistir a este acontecimento, conhece também aquele que virá a ser o seu “filho”, o Ismael. Esta viagem tornou-se não só para ele como para nós, os leitores, numa importante reflexão sobre alguns valores da vida.

O Conselheiro do Rei Ludovico

Neste livro, o Rei Ludovico fica dividido entre a verdade e a mentira, sendo que o seu “filho” Ismael será o centro desta suspeita.

Não é um livro alusivo á época Natalícia, mas o seu conteúdo transporta igualmente uma mensagem importante. As acções que Ismael tem para com os outros, fazem-nos reflectir sobre as nossas próprias atitudes.

Livros magníficos para as crianças, seja qual for a sua idade. Pois mesmo não tendo a noção da mensagem que transmite, as imagens falam por si, pelos menos foi o que o meu filho Gabriel de 2 anos achou. O facto de lhe referir o menino triste, o Rei, o senhor mau, com o acompanhamento que lhe dou e através de uma simples explicação, acaba por ficar a entender um pouco da história.

A escrita simples e as belas ilustrações, fazem desta leitura uma leitura muito agradável. No fim de cada livro, existem propostas de trabalho para fazer individualmente ou em grupo. São apresentadas várias formas de aprender e reflectir sobre estas histórias, até mesmo de forma mais especifica, utilizando a Bíblia.


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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Câmara de Reflexão

Sinopse

Um livro que é uma compilação de histórias simples e reais, histórias que não são embelezadas por longas explicações académicas ou intelectuais, recheadas de palavras com sentido ambíguo… Estes 36 homens e mulheres, possuidores de um talento tremendo, vão ser os vossos cicerones numa viagem ímpar, que vos levará, entre outros destinos, da Baixa Alfacinha à Guiné-Bissau, do Iraque a Cabinda, do Afeganistão ao Peru, do nascimento de uma criança ao terror de uma guerra.

Opinião

Este livro é sem dúvida um daqueles que não é fácil dar opinião…

Estamos a falar de 36 histórias escritas por 36 repórteres de imagem, cada um com o seu testemunho e com registos de escrita totalmente distintos. São relatos que parecem cenas de um filme mas que no fundo são reais, de quem viveu em directo tudo o que é descrito.

Não vou comentar se o repórter A escreve melhor que o B, ou se o C tem melhor história que o D, no fundo estamos a falar de um livro feito de pequenas partes, mas que o resultado final é um fantástico livro, onde qualquer avô gostaria de ser protagonista de um destes relatos para ter a possibilidade de um dia contar aos netos na primeira pessoa. Obviamente existem bastantes relatos de zonas de guerra, ou zonas problemáticas, mas também existem aquelas que marcaram pela positiva e por isso se encontram nesta compilação.

Nestas histórias, somos transportados para diversas posições do globo através dos relatos pessoais escritos de um modo simples, sem grandes metáforas, sem linguagem complexa, possibilitando sentir logo á partida toda a envolvente de cada um deles, no fundo estes profissionais, mesmo sem quererem, conseguiram mais uma vez fazer aquilo que de melhor fazem, ou seja, transmitirem-nos uma imagem, apenas com a diferença de que desta vez foi captada pela melhor objectiva de todas, e gravada na melhor cassete de todas, os olhos e o cérebro respectivamente.

Admito que houve relatos que me impressionaram mais que outros, mas de certa forma todos me tocaram e deixaram uma marca. De facto é incrível perceber que enquanto estamos no sofá a olhar para uma qualquer reportagem, para isto ser possível, alguém esteve privado de conforto, ou longe da família, ou foi atacado por um qualquer animal, ou esteve debaixo de fogo cruzado, ou acabou até por descobrir um paraíso. É impossível focar numa só opinião todos os relatos, mas destaco algo que sobressai em todos eles e que mostra a enorme humanidade destes profissionais: Sensibilidade.

Todos eles perante uma qualquer situação mostram uma sensibilidade incrível no modo como descrevem cada cena, a mesma sensibilidade que nos transmitem nas imagem que nos enviam todos os dias, que tantas vezes nos passa despercebida, aqui está bem presente não só na descrição de cada cena mas também nas decisões que tomaram sobre o que devia ou não ser partilhado com o mundo, sem que isso interferisse com o normal decorrer dos acontecimentos.

Esta sensibilidade é ainda demonstrada quando os mesmos renunciaram á partida todos os possíveis lucros resultantes do livro, sendo que as receitas revertem para o Centro de Acolhimento Temporário "Janela Aberta". Aqui sim foi-lhes possibilitado de certa forma alterar o rumo da história, ao contrário de todas as outras que relataram.

Para finalizar saliento apenas a minha discórdia com o título utilizado “Câmara de Reflexão” pois acho que leva o livro para um nível que não me parece que esteja totalmente identificado no conteúdo do mesmo, podendo mesmo afastar alguns leitores que se deixem enganar pelo título.

É sem dúvida um livro que recomendo, pois os relatos apresentados são incrivelmente cativantes. Ao mesmo tempo, levam-nos a conhecer a realidade humana destes profissionais que nos brindam todos os dias com imagens incríveis do mundo que nos rodeia, e que sem eles nos passaria despercebido.

O meu muito obrigado aos autores por terem tido a coragem de partilharem pedaços da sua vida com quem como eu, teve ou vai ter a oportunidade de ler este fantástico livro.

Elaborado por: Marco Santos

GÉNIOS DO MUNDO – BEETHOVEN – Margarida Fonseca Santos

Sinopse

Beethoven... o mais clássico dos compositores da sua época, já a abrir a porta para o Romantismo!

Um homem que lutou com a surdez, mas escreveu música até ao fim da vida, mesmo quando a vida parecia querer boicotá-lo!

Um grupo de estudantes prepara um trabalho sobre Beethoven e descobre como, também para eles, a vida deste compositor se torna um exemplo e uma passagem para outra forma de ver o mundo!

Opinião

Este é outro livro do conjunto de 12 que compõem a colecção “Génios do Mundo”, uma colecção fantástica.

Mais uma vez este livro, da Editora Zero a Oito, dá-nos a conhecer uma figura marcante da história da humanidade. O último livro desta colecção que li, escrito pela autora Rita Vilela, falava sobre um grande artista, Van Gogh. Este, que vos apresento, é escrito por Margarida Fonseca Santos e fala da vida e obra de Beethoven, um compositor memorável no mundo da música clássica.

Mais uma vez, não posso deixar de elogiar o trabalho destas duas escritoras. A pesquisa que foi feita em torno destes artistas, e a adaptação de toda esta informação para estas histórias, é incrível. Algumas pessoas, ao olhar para estes livros, poderão pensar que se trata de uma leitura aborrecida, que falar da vida de artistas que deixaram a sua marca há muitos anos, é ensinar História e a História é aborrecido. Só vos digo uma coisa, é uma ideia totalmente errada. Claro que encontramos informações históricas, mas a forma como são descritas, e como são inseridas na própria narrativa, faz toda a diferença.

Margarida Fonseca Santos apresenta-nos o compositor Beethoven, através de um trabalho escolar anual que Joana, Mariana e Pedro têm de fazer. Deste grupo, somente Pedro não achou a ideia de elaborar este trabalho lá muito animadora, mas depressa se arrependeu de ter reagido assim. Beethoven tem sem dúvida um percurso marcante no mundo da música, que começa desde muito cedo. Não sei se sabem que ele deu o seu primeiro concerto aos sete anos de idade. De forma engraçada, vamos conhecendo a sua vida, enriquecendo a nossa cultura e apreciando as ilustrações espantosas de Vasco Gargalo.

Tive sempre uma curiosidade em relação a este artista: “Como poderia sobreviver um músico, um compositor, sem ouvir?”. Não poderia ter ficado mais esclarecida sobre este facto tão interessante, que marca a vida deste compositor deveras especial.

Interessante e agradável, uma escrita fluida e acessível, são as características que melhor descrevem esta minha leitura.

Eu recomendo esta colecção, é maravilhosa.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CIRURGIA DO PRAZER - Miguel Almeida

Sinopse

A literatura com conteúdo sexual e erótico faz sentir, mas também pode fazer pensar!

Se a sexualidade e a moralidade, a realidade e a ficção, a descrição e a reflexão, forem exploradas em cada personagem, em cada atmosfera e em cada situação, o resultado pode ser uma viagem sensual, e ao mesmo tempo inspiradora, ao centro da comédia humana. Que dá gosto ler. E que nos convoca para a tarefa do entendimento.

Eis o desafio que Miguel Almeida assumiu com esta obra surpreendente: escrever sobre sexo, citando Nietzsche, interpelando António Quadros e discorrendo sobre o significado de um orgasmo mal comportado.

Diz-se que “em Portugal escrevemos pouco sobre sexo e nem sempre sai grande coisa”. E acrescenta-se: “Não é fácil encontrar na literatura portuguesa bons nacos de prosa ou passagens poéticas com conteúdo sexual, talvez porque as palavras do nosso português não ajudam”. Pois bem, este livro dá uma res¬posta estrondosa a estas lamentações. É um exemplo luminoso de boa literatura com conteúdo sexual e eró¬tico ― usando a nossa língua: aquela que nos ensinaram na escola primária! Se os bra¬sileiros conseguem, há portugueses que também lá chegam…

Opinião

Ao ler a sinopse deste livro, podemos ficar com aquela sensação de “sim senhor, aqui está um livro que qualquer pessoa devia ler”, até porque o sexo hoje em dia ainda é um tema tabu na nossa sociedade.

Desenganem-se aqueles que pensam que vão ficar excitados ao ler estes contos, pois eles têm a função de excitar sim o nosso cérebro, mas na vertente filosófica da questão, ou seja, põem-nos a pensar em sexo não de uma forma erótica, mas de uma forma divertida, sem nunca esquecer a questão filosófica que envolve todo este tema.

Apesar de ser um livro que apela à reflexão, a forma e a linguagem simples que o autor utiliza na apresentação dos contos, torna a sua leitura bastante fácil e ao alcance de todos. Não posso afirmar que todos eles são igualmente divertidos, até porque o grau de divertimento de cada um varia com a perspicácia utilizada pelo autor mediante a escolha de cada situação para falar de um determinado tema sexual, ou mesmo na escolha dos nomes das personagens, tais como Eduardo Censor, Francisco Manso ou mesmo Zeferino Bang-Bang. Há ainda aqueles que são integralmente virados para a reflexão (poucos felizmente).

Este livro não responde a nenhuma questão sexual directamente, mas tem a capacidade de nos fazer reflectir sobre muitas destas questões e incita-nos a encontrarmos as nossas próprias respostas.

Como opinião geral, penso que se trata de um livro que mistura o género lúdico com o filosófico e que proporciona momentos interessantes de leitura.


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